Qual seria a melhor definição de um bom relacionamento para você? Para a maioria das pessoas, a resposta para essa pergunta envolve questões como fidelidade, confiança e estabilidade. Tudo isso define a monogamia, uma forma de se relacionar que, apesar de ser a mais comum entre os humanos, está longe de ser a única — ou a certa.
Mas você sabe o que é monogamia? Antes de entrar no assunto, vamos garantir que todes saibam sobre o que estamos falando.
A monogamia nada mais é do que um regime social no qual uma pessoa concorda em se relacionar romântica e sexualmente exclusivamente com a outra. É a forma mais "comum" de relacionamento, a mais aceita socialmente e historicamente no nosso país.
Neste texto, falaremos sobre esse tema que dá muito pano pra manga e discutir se a monogamia é algo natural, uma escolha ou uma construção social.
Uma breve discussão sobre a monogamia
Será que uma única pessoa é capaz de satisfazer todas as nossas necessidades emocionais, afetivas e sexuais ao longo da vida? É provável que nem mesmo quem se autodefina como monogâmicos tenha parado para pensar sobre isso em algum momento.
Fugindo um pouco da romantização dos relacionamentos amorosos por trás da monogamia, quando começamos a estudar profundamente o tema, encontramos opiniões diferentes.
Entre os olhares científicos existem causas muito mais racionais que o amor romântico para o surgimento da monogamia, como questões que envolvem a própria sobrevivência.
A monogamia é natural?
Um estudo da Universidade Canadense de Waterloo menciona que a monogamia nada mais é do que uma regra que se sucedeu a partir da evolução das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), numa época em que a espécie humana se dividia entre caçadores e coletores que viviam em tribos e tinham costumes poligâmicos.
As doenças transmitidas por relações sexuais fizeram com que as pessoas percebessem que ter o cuidado de manter somente um perceire aumentaria suas chances de sobrevivência. Mas esse foi só um dos fatores que contribuíram para a união estável dos casais.
Depois dos surtos das ISTs, outro motivo que fez com que as relações tomassem um rumo diferente foi a evolução da agricultura. O que pode ser explicado pela posse de terras, formação de famílias e necessidade de definir herdeiros a partir disso.
A construção social
A história do amor e dos relacionamentos caminha ao lado do surgimento da espécie humana. E, com isso, houve épocas em que a forma vista como natural de se relacionar era muito diferente do que entendemos como "normal" hoje.
O amor como conhecemos é basicamente o resultado de uma construção social que levou séculos de convívio para se moldar e ser apresentada para todos como é hoje.
Se pensarmos no início da história humana, nossa espécie vivia em grupos nômades de caçadores e coletores que exerciam um forte igualitarismo, em que o sexo não era algo exclusivo, muito menos representava a falta de amor entre as pessoas, era mais uma resposta aos desejos carnais.
A mudança no direcionamento das relações
Como sabemos, a história não se manteve assim. E o momento em que ela começa a mudar é marcado pela dominação da agricultura, que fez com que a humanidade criasse raízes, ficando "parada", sem precisar se mudar em busca de alimento. Naquela época — cerca de dez mil anos atrás —, podemos dizer que os homens compravam o potencial de reprodução das mulheres, oferecendo proteção, abrigo e comida em troca de fidelidade.
A partir desse momento, e do surgimento das famílias e suas posses, começou a fazer sentido para os homens garantir que seus filhos eram biologicamente seus, dando sequência a uma linhagem.
E o que isso diz pra gente?
Olhar para tudo isso nos faz chegar à conclusão de que a monogamia não é natural da espécie humana. Afinal, quando as convenções e construções sociais que conhecemos hoje não existiam, a forma mais comum e espontânea de se relacionar era a poligamia.
A monogamia é, na verdade, uma convenção social, que surgiu conforme a necessidade do homem e das famílias de se manterem "protegidas e seguras". Ou seja, surgiu de uma questão de sobrevivência, mas hoje é uma questão de preferência. E tá tudo bem!
Monogamia x Poligamia
Atualmente, as transformações sociais garantem, de certa forma, aquilo que as pessoas precisam para proteção, alimentação e reprodução — anulando os motivos iniciais que estabeleceram a monogamia.
Isso nos leva a pensar que ela é apenas uma questão social, na qual fatores como religião, idealização do amor e do romance e segurança emocional influenciam no modelo de relação com uma única pessoa.
Durante as discussões que colocam a poligamia e a monogamia frente a frente, somos muito comparados com os animais. Já que entre os mamíferos, apenas 9% das espécies escolhe um único parceiro para a vida.
Mas o que nos difere dos animais, nesse ponto, é que os seres humanos conseguem racionalizar os instintos e evitá-los em função da fidelidade.
Muita gente define a poligamia como uma forma de se relacionar que só funciona "para pessoas evoluídas". Pois vindo de um momento em que a monogamia é quase tudo que se conhece, de fato, é preciso construir maturidade emocional para se relacionar livremente com alguém.
Administrar possíveis ciúmes de ver seu(s) parceire(s) com outras pessoas não é uma tarefa simples.
Monogamia: o que prevalece?
Se você tem questionado qual a melhor forma de se relacionar, considere o que você sente.
Esqueça as convenções e regras sociais por um momento, e pense em como você se sente ou se sentiria em uma relação poligâmica.
Nada do que discutimos define as relações monogâmicas como certas ou erradas. Tudo isso mostra que a monogamia é uma entre muitas formas de se relacionar — e que não passa de um acordo feito entre as pessoas da relação.
Passar o resto da vida com uma única pessoa é uma escolha, assim como viver com dois ou mais parceires. E todas as formas de se relacionar e se amar devem ser respeitadas!
Esperamos ter contribuído para que todes entendam o que é, e de onde veio a monogamia. Se você se interessa por assuntos como relacionamentos e sexualidade, continue de olho nas postagens do blog!